sábado, novembro 19, 2011

Ficção

Era a primeira vez que andava num daqueles. E justamente na primeira vez pegou uma poltrona virada de costas – isso mesmo, no sentido contrário ao caminho feito pelo ônibus.
Primeiro achou estranho, ficou com medo de enjoar, ainda mais que estava lendo um livro de teoria, meio chato.
Na medida que o caminho acontecia ele começou a achar interessante. Não se sentiu mal e estava vendo as coisas por outro ângulo. Não falam que devemos ter um olhar diferente sobre as coisas? Think out of the Box e outras baboseiras de autoajuda?
Pensou nessas frases feitas mais divertindo-se do que acreditando, mas gostava da sensação diferente.
Na verdade, qualquer coisa seria legal, pois a viagem havia sido extremamente produtiva e ele estava voltando para casa cheio de boas notícias que iriam mudar sua vida profissional e pessoal.
Estava tão feliz que nem ouviu o barulho da frenagem de um caminhão que perdia o controle e atravessava da pista ao lado para a sua, na contramão.
Tão distraído que nem ouviu o barulho de vidros se quebrando e ferragem sendo amassada e retorcida, do caminhão em choque com o seu ônibus.
Feliz e distraído demais para perceber que o impacto daquela ferragem toda na nuca causaria sua morte imediata.

Acordou assustado. Guardou o livro e, por via das dúvidas, trocou de lugar.

Airport Bus Service

Várias vezes eu sugeri, mas nunca tinha usado.
Dessa vez, para encaixar agendas com clientes e os deslocamentos, cheguei a São Paulo por Guarulhos e voltaria por Congonhas, com uma reunião na região da Paulista entre eles.
Resolvi ver como é o tal serviço de ônibus oferecido – não é o gratuito, pois cheguei por uma companhia e voarei depois por outra. Estou digitando o texto a bordo do ônibus e, a princípio, apesar da mocinha do guichê ter me sacaneado e me colocado de costas, bem no “Espaço Escritório”, mesmo o ônibus estando absolutamente vazio, até agora me agradou.
Confortável e prático, além de bem mais barato, claro. Como tenho duas horas até a próxima reunião, vai dar tempo tranqüilo.
Recomendo.

Não é futebol, é política...

Como eu disse há poucos textos atrás que tinha que parar de falar de futebol, o tema é Copa do Mundo, mas a abordagem não é futebolística, ok? Acho que falando de política eu crio menos problemas com meus leitores – e são tantos...
Ouvi no rádio há pouco tempo e teria que pesquisar melhor para confirmar as informações, mas parece que a FIFA, como retaliação a algumas atitudes da presidente Dilma Roussef, tirou Porto Alegre da Copa das Confederações.
Para quem não sabe, no ano anterior ao da Copa do Mundo existe uma competição chamada Copa das Confederações, menor, claro, que acontece no mesmo país que sediará a Copa do ano seguinte.
A justificativa da FIFA para tirar o Beira-Rio (estádio do Internacional de Porto Alegre) da lista daqueles que sediarão jogos da Copa das Confederações e consequentemente tirar da cidade oportunidades de arrecadação e etc foi de que as obras estão atrasadas.

Pergunto: qual o estádio que está com as obras em dia? Maracanã? Mineirão?

Resposta fácil: o Itaquerão. Não conhece? É aquele estádio que vai ser construído com o dinheiro do contribuinte – o seu e o meu, inclusive, em algum momento – mas que depois da Copa vai ser do Corinthians. Isso mesmo, dinheiro público para atender a um clube.
E é aquele Corinthians cujo presidente é amigo pessoal do LULA e está praticamente garantido na presidência da CBF quando o safado do Ricardo Teixeira assumir a presidência da FIFA, com as bênçãos do sogro e do próprio Blatter.
E nada melhor para alavancar a campanha do que o sucesso de um Campeonato Brasileiro conquistado na sua gestão – quando falo da entrega do campeonato, é por isso – e um super estádio que o time com a maior torcida do estado e uma das maiores do país nunca teve.
Só para lembrar, o São Paulo queria reformar o Morumbi – COM DINHEIRO DO CLUBE – para este ser o estádio dos jogos da copa na terra da garoa, mas a CBF vetou. Achou melhor construir um estádio novo, com dinheiro da população.
Quando o Rogério Ceni foi a público falar que a escolha da CBF era porque na reforma do Morumbi não daria para desviar verba e pagar propinas, ninguém deu importância. Mas ele falou e talvez você nem tenha visto essa matéria nos jornais ou TV, certo?
E, numa COINCIDÊNCIA incrível, no meio deste jogo político, o Sr. Ricardo Teixeira “desdisse” a posição oficial da entidade máxima do futebol brasileiro, voltou atrás na questão do título de 1987 e mandou (sem ter autoridade para isso, claro, tanto que não se cumpriu) entregar a taça de bolinhas ao FRAmengo.
E antes que pareça pura implicância, você que é FRAmenguista saiba que ao comemorar o título que vocês não têm vocês estão, na verdade, apoiando abertamente a perpetuação dessa safadeza que existe no futebol brasileiro, coisa do naipe do Eurico Miranda pra baixo, com virada de mesa e etc. Ou seja, a Patrícia Amorim, que eu pensei que viria com a intenção de ajudar a moralizar aquela palhaçada que é o futebol carioca, chegou chutando a ética para o lado e fazendo politicagem apoiada por uma massa enorme – e disforme em termos de consciência e ideias. Uma pena.

Mas o que o Inter, Porto Alegre e a Dilma têm a ver com isso?
Acontece que no Rio Grande do Sul está a base de apoio e votos da presidente Dilma – ela é gaúcha – e deixar que tirem um evento como esse de lá pesa contra ela.
E na época que o presidente da República era o amigo do André Sanchez, FIFA e CBF negociaram na base da palavra (e certamente de malas e cuecas cheias de dólares), algumas “concessões” com o governo para o período e cidades da Copa. Concessões absurdas que representam retrocessos e podem fazer da Copa um verdadeiro desastre, mas que a FIFA não abre mão. A Dilma resolveu peitar – começou a não cumprir os tais acordos que o ex-presidente corintiano fez e, em represália ao seu lampejo de consciência e civilidade, a FIFA, orientada de perto pelo seu futuro presidente, simplesmente puniu a presidente prejudicando o estado onde ela tem a base eleitoral.

Acha que estou viajando? Acha que é teoria da conspiração demais? Eu não acho.

Medo de voar

Você tem? Eu, não. Já falei disso aqui antes, acho.
Mas isso não quer dizer que eu seja um cara extremamente corajoso. Só penso que, se alguma coisa for acontecer, não há absolutamente nada que eu possa fazer, certo? Então faço como disse a então ministra, relaxo e... Aproveito.

Esses dias, pousando no Rio, Santos Dumont, o rapaz ao meu lado comentou “essa aterrissagem aqui é uma viagem, né?” – e a intenção dele não era o trocadilho. Eu respondi que “é muito bonito, mesmo” e ele completou com um tenso “bonito e perigoso”. Eu ri. E comentei ainda sobre Ilhéus, que tem uma situação similar e ele concordou, pois também conhece. Acho que não ajudou muito, ele continuou tenso até o avião chegar ao solo – com as rodas, claro.
Nunca penso nisso. Sempre que chego ao Rio pelo Santos Dumont só consigo ver a beleza daquela região e do pouso em si. E parece que em aeronave pequena como a que estávamos dessa vez, a aproximação é um pouco mais , digamos, emocionante, menos direta. Para ele, isso significa mais medo. Para mim, mais chances de vislumbrar a paisagem.

Maringá

Estive em Maringá e fiquei muito bem impressionado com a cidade.
Com a economia bastante dependente do agronegócio (principalmente cana), mas ao mesmo tempo um pólo atacadista de moda, a cidade é extremamente agradável.
Vias largas e bem sinalizadas como numa grande cidade, com canteiros floridos e bem cuidados, como numa cidadezinha do interior.
Prédios altos, modernos e bonitos principalmente no centro da cidade, mas um crescimento periférico horizontal, com condomínios de casas e muitas casas de rua também.
Praças e parques espalhados pela cidade toda, muito verde nas ruas e um comércio intenso. Entre eles, uma Vila Olímpica, como é chamado um grande complexo esportivo, que tem entre outras coisas piscina com raia e velódromo.
E, para coroar, a informação de que a cidade não sofre com problemas de segurança.
O aeroporto, afastado da cidade, é pequeno, mas muito bem cuidado e parece que atende bem o fluxo regional. Mesmo assim já estão pensando em ampliar.
Dá a impressão de uma cidade bem planejada e que não abandonou o planejamento – continua crescendo e se preparando para isso passo a passo.
Uma agradável surpresa.

Voando no Brasil III

Quando comentei com o Galvão – para quem não conhece, um grande amigo que hoje mora nos Estados Unidos – que faria uma viagem de mais de 4 horas ele me perguntou se eu iria para a China. Não, Maringá.

Num primeiro momento parece só uma piadinha, mas não é tão engraçada assim.
Ele voa quase toda semana dentro dos EUA e um tempo desses de vôo parece absurdo.
Acontece que a nossa malha aérea ainda é muito ruim. Tenho muito medo dos grandes eventos internacionais. O trânsito de pessoas no período da Copa do Mundo vai ser um sofrimento à parte, com certeza.
Ah!, e 2014 é amanhã, ta?

Voando no Brasil II

Por falar em TAM, tenho que contar do meu problema com a companhia aérea de Marília, na minha última viagem.
Depois, aliás, vou falar da viagem, que foi muito legal.
Voltamos juntos, meus pais. Fabiana e eu, o que deve ter totalizado uns 8 a 10 volumes de bagagem. Algumas comprinhas, claro.
Descemos na chuva em Vitória. E não quero dizer apenas que estava chovendo, descemos e tomamos chuva no trajeto até o Puxadinho de desembarque do aeroporto de Vitória. As sombrinhas tinham acabado. Interessante, né? Será que eles não sabem quantas pessoas tem no avião?
Bom, depois da chuva e daquela espera longa pela esteira de bagagens, duas das nossas cinco malas não apareceram. A esteira parou e nada.
Uma funcionária da TAM então nos atendeu e disse, cheia dos discursos prontos, que abriria um processo para entender o que houve, ou localizar a bagagem, enfim, uma série de baboseiras longe demais do que queríamos ouvir, que poderia ser algo simples como aguarde um minuto que nós vamos resolver o seu problema. Não. O discurso é do tipo “vou estar abrindo um processo e a companhia tem até x horas para estar dando uma posição para o senhor” – assim, com todos os gerundismos possíveis.
Briguei, é claro! – os presentes das crianças tinham ficado pra trás, oras!
E acho que só pela minha insistência e impaciência clara ela prontamente localizou a bagagem – simplesmente não foi embarcada em São Paulo, apesar de ter sido despachada junto com as demais.
Menos mal, eles colocariam no próximo vôo, que chegaria em Vitória dali a algumas horas e, se eu quisesse, poderia ir buscar no aeroporto ou eles levariam na minha casa no dia seguinte.
Briguei de novo! Quem é o responsável?
E ela me levou para o balcão, que deveria ser um balcão específico de reclamações, devidamente sinalizado, de acordo com a legislação, mas não era. Meu sogro, que tinha ido nos buscar, lembrou a lei, e uma das funcionárias da TAM foi buscar a “sinalização” – uma plaquinha colocada sobre o balcão. Esse é o nosso aeroporto!
Eu disse a ele que a TAM não queria resolver meu problema, pois eu viajei pela TAM naquele dia e eu queria a minha bagagem na minha casa no mesmo dia. A resposta, como sempre padronizada e muito longe de visar a solução do problema do cliente, foi que ele não poderia levar no dia, pois o procedimento não era aquele.
Eu perguntei, então se fazia parte do procedimento esquecer minha bagagem no aeroporto onde eu embarquei, e como não tem resposta padrão para isso, ele simplesmente disse que não, é claro. Foi quando eu indaguei: “quer dizer que vocês podem fugir do procedimento para me prejudicar mas não para me ajudar? Fogem do procedimento para me causar um problema mas não podem fazer o mesmo para solucionar o problema que vocês causaram?”
Mais uma vez sem resposta padrão, ele me ofereceu registrar uma reclamação. “Mas você não se apresentou como o responsável pela companhia aqui? Vou reclamar para quem? Ou quem, neste caso, é o responsável?”

Resumo da história, não consegui o que eu queria, que era a TAM levar a bagagem na minha casa, mas meu sogro voltou e buscou no mesmo dia.
E, além de escrever aqui no blog, não tomei nenhuma atitude. Quando isso vai mudar – a falta de respeito das empresas pelos consumidores e a postura do consumidor brasileiro de não reclamar, não exigir seus direitos como deveria?

Voando no Brasil I

Dia desses elogiei a Trip. Mas hoje tenho umas pequenas críticas.
Comprei uma passagem de Vitória para Maringá (PR). São três vôos diferentes – de Vitória para o Rio (SDU), dali para Curitiba e depois para Maringá. Na mesma aeronave.
Eu comprei uma passagem Vitória x Maringá, certo? Por que eu tive que trocar de lugar em cada uma das pernas do vôo?
Quando fiz meu check-in em Vitória, a moça me perguntou se queria janela ou corredor e escolhi corredor, pois sou gordo – a gente fica com mais espaço. Ela emitiu o bilhete do primeiro trecho com lugar no corredor e os três outros na janela. Eu nem percebi, não sabia nem que trocaria de lugar. Só vi depois que já tinha embarcado, aí já era...
Nas duas primeiras poltronas que sentei, aquele ar condicionado direcional sobre a poltrona não estava funcionando. E como o vôo não era direto, fez calor. Na terceira, funcionou, mas na terceira eu não fiquei no aeroporto esperando um tempão com o sol quente em cima. Mudou pouco.

Mesmo com isso tudo, ainda acho que a Trip é melhor que TAM e GOL.

Royalties – os fins justificam os meios?

Acho o movimento pelos royalties muito justo e importante para o nosso estado. Não entendo 100% o problema, mas sou a favor de RJ e ES e acho difícil me convencerem do contrário.
No entanto, tenho uma curiosidade: de onde vem o dinheiro para fazer do movimento popular um grande comício, com shows e personalidades, inclusive de nome nacional?
E, pior, para onde vai este dinheiro? Porque deve ter corrupção e desvio de verba nisso também!

Mais uma perguntinha: é legal pendurar galhardetes nos postes da Av. Dante Michelini? Quer dizer, se eu quiser fazer o mesmo para divulgar um determinado produto, eu posso? O código de postura permite?

Será que algum de vocês, lendo meu blog, sabe as respostas?
Ou será que a resposta para todas estas perguntas é: os fins justificam os meios?
Será?

Preciso parar de escrever sobre futebol.

Adoro o assunto, gosto de escrever a respeito, mas não está “vendendo bem”.
Acontece que eu sou um cara muito mal relacionado (rsrsrs) e tenho torcedores de outros times que não o meu como leitores. E são uns torcedores bem fajutos, pois não gostam do que escrevo, mas também não têm sequer meio argumento para rebater.
E tem outra coisa também, que admito: ninguém agüenta tanto texto sobre futebol o tempo todo, a menos que seja fanático, como eu.
E o pior (ou melhor) é que são pessoas de quem eu gosto e que respeito e quero tê-las lendo o meu blog e fazendo seus comentários.

Dúvida cruel...

Façamos o seguinte: vou me esforçar para tratar de outros assuntos. Na pior das hipóteses, no início de dezembro o campeonato acaba e eu darei uma trégua.

Aguardem e confiem!

Textos Longos

Andei analisando e criticando meus próprios textos e os achando longos demais.
Depois pensei melhor. Não estão longos, não, nós é que estamos cada vez mais preguiçosos. Para ler e escrever.
As pessoas não têm mais disposição de ler um livro. Alguns passaram a ler blogs, onde os autores escrevem textos mais curtos (eu também).
Por fim, chegamos ao twitter. 140 caracteres? Até contos de twitter inventaram!
Para seguir a onda e falar pouco do assunto, vou resumir numa palavra: preguiça.

Campeonato Brasileiro 2011 - a entrega

Ridículo. Os envolvidos deveriam ter um pouco mais de cuidado e habilidade para disfarçar a entrega do campeonato brasileiro para o Corinthians. No mínimo deveriam ter mantido a festa final do campeonato, onde o campeão recebe a taça, no Rio, como vem sendo feita desde que se instituiu a disputa por pontos corridos. Inclusive nos anos em que o São Paulo sagrou-se campeão (jogando bola).

Para não falar apenas das vezes em que o Vasco foi prejudicado clamorosamente – como no gol mal anulado e no pênalti claríssimo não marcado contra o Santos na última rodada, quando o jogo ainda estava 1x0 para o Peixe – e parecer que estou apenas chorando como torcedor, vou falar do Botafogo.
E vou falar de um jogo que o Botafogo ganhou! Assim, não há a menor possibilidade de confundir com choro, mesmo.

No jogo contra o próprio Corinthians, no segundo turno, que este perdeu por 2x0, aconteceram duas situações, no mínimo, inusitadas.
Primeiro, o gol anulado por impedimento. Não vou explicar a regra do impedimento, mas existe uma premissa básica para que ela seja aplicada, que é o jogador lançado (e impedido) estar à frente da bola. Se a bola vem para trás, do fundo, por exemplo, não existe impedimento. Pois bem. Na jogada à qual me refiro, o bandeirinha marcou impedimento no momento que o jogador do Botafogo estava na linha de fundo tocou a bola para trás – e não foi pouco, tipo, quase para o lado, não, foi muito para trás. A arbitragem inventou o impedimento.
A outra situação bizarra deste jogo foi a expulsão do Cortês. Se alguém se lembra, ele foi expulso pelo segundo amarelo, numa falta que o cartão era realmente merecido. O que há de errado, então? Alguém se lembra de como ele levou o primeiro amarelo?
Agora tente se lembrar de algum jogador no futebol mundial punido com cartão amarelo por retardar a cobrança de lateral.
Vai tentando. Pesquisa no Youtube, no Google, na Wikipédia.
Não achou? Pois é.

A maioria dos comentaristas de TV, certamente por orientação dos editores, colocam panos quentes na situação e os mais “ousados” dizem que é conseqüência de má qualidade da arbitragem, e não de favorecimento deste ou daquele.
Convido os comentaristas a assistirem o VT de Internacional x Fluminense, na última rodada. Não teve arbitragem ruim. Não teve erro clamoroso para o lado A ou B. A expulsão foi justa, dentro da regra. Por que será?

Vão dizer que é exagero meu achar que isso aconteceu porque Inter e Flu brigam numa posição um pouco mais abaixo da liderança e que qualquer resultado teria o mesmo efeito para o time do presidente Lula?
Ora, façam-me o favor!

Futebol Capixaba (sim, existe)

Quando era mais novo, meu amigo Bernardo me convenceu a ir assistir um jogo da Desportiva, no Engenheiro Araripe.
Gostei. Acompanhamos juntos alguns campeonatos capixabas – além do Bernardo, Serjão e Ney sempre iam, e não posso deixar de citar o Coquinho, mas a ida dele daria um novo post. É verdade, a cerveja no estádio, hoje proibida, era um grande incentivo à nossa freqüência, mas acabei me transformando num torcedor da Desportiva Ferroviária.

Este ano resolvi levar meu filho a um jogo. Ficamos perto da torcida Grenamor (para quem não sabe, a cor da Desportiva é o grená) e ele, que gosta de futebol tanto quanto eu ou mais, adorou. Não faltamos a mais nenhuma partida disputada em casa, acompanhando a Tiva à final da Copa ES. Não sei se ao título, pois escrevo antes do primeiro jogo da final, mas espero.
Eu sempre gostei do clima de estádio de futebol, e acho que o Dudu também. Não consigo ir a um estádio e não torcer, não vibrar com as jogadas, reclamar da arbitragem, etc. Eu me divirto muito indo a estádios.
Mas agora na Copa ES vi se repetir no futebol capixaba o que temos visto no brasileiro em geral: interesses financeiros sobrepujando o esporte, a competição, os atletas.

Na penúltima rodada da primeira fase, quando Rio Branco e Desportiva, no mesmo grupo, tinham chances de classificação para a final, a equipe capa preta fazia seu último jogo, justamente contra o maior rival. O Rio Branco só conseguiria se classificar se vencesse. Já o time grená poderia perder e apenas empatar na rodada seguinte e estaria classificado – talvez até perdendo o jogo seguinte, dependendo de outros resultados, estaria classificado.
Pois o juiz da partida que deveria ser o maior clássico do nosso futebol – que é fraco, sim, mas que situações como essa fazem piorar bastante – sabia disso. E sabia também que o Rio Branco é o time de maior torcida no ES. Ou seja, Rio Branco fora da fase semifinal significaria menor arrecadação.
Depois que o Rio Branco fez 1X0 eu vi situações em campo que são dignas de vergonha. Quem assistiu aquele jogo não tem mais o direito de usar os hermanos para falar de catimba, pois o que o time do Rio Branco fez, apoiado pelo juiz, nem mesmo na Bombonera se vê. Contusões supervalorizadas, atraso nas cobranças de laterais ou tiros de meta, tudo isso é normal, corriqueiro no futebol. Mas foi exagerado.
A ponto de, antes do gol, um jogador ter se contundido bem próximo à linha lateral e o juiz tê-lo corretamente orientado a sair sozinho de campo (rolar para o lado), para que o jogo continuasse sem atrasos. Depois do gol, pelo menos mais três situações similares e o juiz autorizou a entrada dos médicos e posteriormente da maca.
Os atrasos do goleiro para bater tiro de meta seriam punidos com cartão amarelo em qualquer campeonato do mundo – e não estou falando de uma ou duas vezes – e o juiz sequer teve aquela conversinha “de migué”, para fingir que estava levando a aprtida a sério.

Mas a minha indignação não é, ao contrário do que parece, de torcedor grená, não. Pois eu sabia que algo seria feito e a Desportiva também não ficaria de fora da semifinal. E, na verdade, ela já estava garantida. O jogo seguinte em que precisaria de um empate seria contra o Capixaba, time que já havia se desmanchado desde a rodada anterior, sem chances de disputar nada na copinha. Ou seja, com os três pontos da Desportiva garantidos por WO, não haveria problemas em beneficiar o Rio Branco e colocá-lo na semifinal.
Eu particularmente acharia ótimo termos Rio Branco, Desportiva, Serra e Vitória fortes no próximo Capixabão, bem como o Linhares, o finado Estrela e outros times do interior. Mas este não é o meio de fazer isso.

Desportiva e Vitória fizeram uma das semifinais e a Locomotiva Grená não teve facilidade para passar pelo Vitorinha, mas foi um jogo justo. Erros de arbitragem podem ter acontecido, mas foram erros, não um favorecimento absurdo como antes.
O que me consola em termos de justiça é que, do outro lado, a boa equipe do Real Noroeste derrotou o fraco time do Rio Branco e fará a final contra a Desportiva.
E antes que meus amigos riobranquenses reclamem, digo que o time era fraco e é só olhar a tabela e os resultados para comprovar isso. O time se classificou sem ganhar jogos – acho que só um além daquele que foi dado de presente, na última rodada.

Mas, mesmo reclamando, como eu sou um fanático por futebol e agora encontrei nova companhia, parece que ano que vem serei figurinha fácil nos Jardins de novo. O que, para quem acompanha este brasileirão de cartas marcadas, não será nenhum sacrifício.

Verborragia

Ouvi essa palavra do Dinho pela primeira vez, adorei e adotei.
E é perfeita para o que estou tendo agora. Se você tiver paciência, vai perceber...
Muito tempo sem atualizar o blog, mas uma jornada de, por enquanto, CINCO horas dentro do mesmo avião vai me ajudando a colocar os assuntos em dia.

Divirta-se. Ou não, mas se possível comente, ainda que criticando.