Disse no último post que evito falar de política. Mas mesmo estando entre os assuntos que não devem ser discutidos, no futebol eu me arrisco.
E claro que vou falar de arbitragem, pois é a bola da vez em quase todas as discussões sobre o assunto atualmente.
Tem uma coisa que me incomoda profundamente nas arbitragens atuais, que é a marcação de impedimento. A FIFA determina que, na dúvida, árbitro e auxiliares devem privilegiar o ataque.
Aliás, essa história de chamar bandeirinha de auxiliar é ridícula. Pra quê mudar o nome? Bandeirinha é muito mais simpático. Vou ficar velho e chamando auxiliar de bandeirinha, igual aqueles antigos que ainda chamam goleiro de goalkeeper ou centro-avante de centralfor.
O que sei é que o ser humano não consegue identificar determinados lances de impedimento. Aí as câmeras e os comentaristas vêm em seguida e confirmam – acertou um lance muito difícil o auxiliar fulano de tal. Besteira! Errou. Errou porque ele não tinha certeza e preferiu dar o impedimento em vez de deixar correr conforme a orientação da FIFA. Uma perna de diferença, numa bola lançada há mais de 15 metros de onde os dois jogadores estavam, é claro que o bandeira não viu!
Mas eles insistem em marcar. E a minha revolta não é simplesmente por conta da marcação ou não de determinados impedimentos, mas é que a regra existe para evitar que o atacante tenha grande vantagem sobre o defensor. Ora, os dois saindo com trinta centímetros de diferença um do outro, por exemplo, não é uma grande vantagem. Mérito do atacante que corre mais que o zagueiro. Pronto. É um esporte. O atleta melhor condicionado TEM que ter vantagem sobre os outros.
Falando sobre o que ocorreu nas semifinais da Taça Rio (Botafogo x Fluminense e Vasco x o outro time), não vou discutir se o Herrera estava impedido ou se o Willians tocou a mão na bola – são fatos, a TV mostrou e não estão em dúvida. A dúvida é se o juiz viu.
No jogo do Botafogo e Fluminense, o lance foi escandaloso. O bandeirinha viu, o juiz viu, todo mundo viu. Não precisava de replay. Eles não souberam aplicar a regra – simples assim.
Na outra semifinal, tenho quase certeza que o juiz não viu a mão do Willians, apesar de este ter subido com a cabeça para um lado e o braço para o outro e de o Thiago Martinelli ter feito movimento com a cabeça para baixo e a bola ter subido. Mesmo assim, ele pode não ter visto.
A questão é: se ele não viu o lance do Willians, do qual estava muito mais perto, também não viu o primeiro pênalti, do Márcio Careca sobre o Léo Moura – que declarou depois do jogo que naquele momento “a experiência contou”.
No primeiro jogo entre as duas equipes este ano,o árbitro deixou de dar um pênalti envolvendo os mesmos jogadores no primeiro tempo. Assistiu ao lance na TV no intervalo e, no segundo tempo deu um jeito de compensar, inventando um pênalti a favor daquele time. Não tenho nenhuma dúvida que o senhor João Batista Arruda estava assistindo àquele jogo e, na hora que o lateral caiu na área, mesmo de longe e sem ter nenhuma convicção, marcou o pênalti, para não ter o mesmo problema que o colega enfrentou anteriormente.
Mas não resolvi escrever sobre futebol para reclamar da arbitragem contra o Vasco. Na verdade, existem lances que são de jogo e podem acontecer com todos os times. Não é só porque o Vasco ano passado foi eliminado da Copa do Brasil pelo Corinthians com um pênalti escandaloso do Chicão sobre o Élton não marcado, ou porque aquele time vem sendo descaradamente beneficiado nos últimos quatro campeonatos cariocas, ou ainda porque ontem, por exemplo, a arbitragem na Copa do Brasil mais uma vez (em menos de uma semana) tentou atrapalhar o Gigante da Colina. Não é nada disso.
O que me deixou realmente indignado com os acontecimentos recentes foi a declaração do responsável pela arbitragem do Rio de Janeiro, ao responder as acusações do Rodrigo Caetano, executivo de futebol do Vasco, que disse ter sido roubado. O senhor Jorge Rabello, presidente da Comissão de Arbitragem de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (COAF-RJ) rebateu as críticas do cartola vascaíno com a seguinte pérola: “E o pênalti do Fernando no Loco Abreu, na final da Taça Guanabara, não marcado?” citando outro erro escandaloso da arbitragem carioca, dessa vez beneficiando o Vasco contra o Botafogo.
Ou seja, na arbitragem do Rio e na lógica deste distinto senhor, um erro JUSTIFICA o outro. Plagiando Boris Casoy: É UMA VERGONHA!