sábado, julho 31, 2010

E a Copa?

Muito tempo se passou e eu não falei da Copa. Não posso deixar de falar, mesmo atrasado.

Ainda defendo o Dunga. Coerência e responsabilidade são duas qualidades que ele demonstrou, sem dúvida. E paciência. É, paciência, apesar do episódio com o jornalista da Globo. Eu, certamente, não teria a paciência que ele teve com a imprensa brasileira.

Aliás, na minha opinião, a posição em que a atuação brasileira foi mais sofrível no mundial da África foi, definitivamente, atrás dos microfones.

Foi um festival de comentários sem conteúdo proferidos por comentaristas sem história ou sem respaldo para falar do assunto.

Achei um absurdo a forma como Casagrande, Júnior e Falcão falaram do Dunga. Vamos recapitular. Primeiro, o Dunga ganhou a Copa de 94. Os três tiveram oportunidade e não ganharam nenhuma. Segundo, o Dunga era, naquele momento, treinador da seleção brasileira, posição que merece respeito. Posição que o Falcão ocupou e não fez absolutamente nada. E que o Júnior não ocupou, entre outras coisas, porque quando tentou ser técnico de futebol aprontou um papelão no Corinthians em 2003, entregando o cargo após 3 rodadas.

Em resumo, os dois merecem respeito como jogadores (foram craques), mas como treinadores tiveram carreiras curtas e inexpressivas (ou seria desastrosas?).

Em comparação com o Dunga, no entanto, este tem o maior título do futebol como jogador e como treinador fez uma campanha muito vencedora com a seleção brasileira – muito mais do que os dois conseguiram.

O Casagrande? Não, não esqueci, não. É que estou falando em respeito e colocar o Casagrande neste rol seria falta de respeito.

E o Felipe Melo? Não vou defender, nunca fui fã do futebol dele, mas a perseguição da imprensa foi ridícula.

Para a imprensa nacional, a seleção saiu da Copa por culpa dele. Ninguém falou que ele estava pronto para tirar a bola do primeiro gol holandês e não o fez porque o louco do Julio César subiu em direção a uma bola imaginária e deu um soco na cabeça do jogador brasileiro enquanto o Sneijder comemorava.

Outra marca da perseguição foi a enorme repercussão da imagem do pisão que gerou a expulsão do Felipe Melo. Mas eu não vi a mídia nacional repercutir o pedido do Mourinho (considerado pela mesma imprensa brasileira o melhor treinador do mundo) ao Real Madrid para contratar o meia brasileiro.

Ah, você não viu isso? Mas o pisão você viu. E deve ter visto mais vezes do que viu a entrada de sola do holandês De Jong no peito do Xabi Alonso, que foi outro absurdo.

Mas a imprensa brasileira precisava falar mal do Dunga e dos seus convocados.

E o pior, o que realmente atesta a falta de qualidade profissional da imprensa brasileira na Copa, é que ninguém relacionou a eliminação do Brasil com a saída do Elano, o que desequilibrou o esquema e o time do Dunga. Ou seja, ninguém que estava lá com a função de analisar tecnicamente a participação da nossa seleção (pelo menos teoricamente) levou em conta os aspectos técnicos da eliminação.

Enfim, a seleção não ganhou a Copa, mas a imprensa venceu – derrubou o Dunga. E a CBF chamou o Felipão, sonho de consumo também da imprensa brasileira. Aliás, quando o Dunga fecha o grupo, ele é teimoso, o Felipão forma a Família Scolari.

Mas o patriarca recusou o convite, com medo de não chegar até a Copa. Só para lembrar, o Dunga assumiu com toda a imprensa torcendo contra e afirmando que ele seria técnico tampão.

Chamaram o Muricy, mas o Fluminense não liberou – ou o Muricy pediu pra não ser liberado, para evitar também ser técnico tampão? Vai saber...

Aí o Mano aceitou. E na primeira convocação escolheu um jogador que, dias antes, era atleta do seu time e não tinha lugar no time titular.

Qual o nome disso? Renovação? Ou empresário? Ou será que ele recebeu esta lista pronta e só teve o trabalho de anunciar?

Mas o Mano ainda não está sendo perseguido pela imprensa. Espero que ele faça um bom trabalho. Para esquentar o lugar do Felipão – o que eu acho uma pena.