domingo, janeiro 30, 2011

A saga da assinatura de jornal

Já contei do esforço que tive que fazer para ser assinante de A Gazeta?
Uma menina do telemarketing deles me ligava insistentemente. Com educação, com bom senso, mas foi insistente - ponto pra ela. Resolvi assinar.
Passei todos os meus dados e, ao final, a supervisora veio conferir alguns dados, certificar-se de que eu tinha entendido as condições e me dar as boas vindas como assinante. Atendimento muito bom. O jornal chegaria em até quatro dias.
Não fiquei acompanhando o prazo, e um dia liguei perguntando se já deveria ter chegado. Mais uma vez fui muito bem atendido, e a moça explicou que o jornal deveria começar a chegar naquele dia, que iria acompanhar para que a entrega acontecesse a partir do dia seguinte.
Eu entendi que ela iria acompanhar internamente, via algum sistema, falar com a empresa que faz as entregas ou algo assim.
No dia seguinte o telefone tocou por volta das 7h30 - era uma moça do jornal, querendo saber se meu exemplar tinha chegado. Não, não tinha.
Essa rotina, com pequena variação de horário e exceção do domingo, continuou por toda a semana seguinte. Isso mesmo, no sábado inclusive. Neste dia eu não tinha a resposta, acabara de ser acordado por ela, mas ligaria assim que tivesse a notícia, como fiz - não chegou.
Numa das vezes que ligaram, pedi para falar com a supervisora, já que ela havia me dado as boas vindas, talvez pudesse me atender também para tratar do problema - e ela atendeu. Prometeu que daria uma solução até o meio-dia. Quando cheguei em casa para o almoço, lá estava o jornal - havia chegado por volta de 11h, 11h30. Pensei: moça competente essa!
Que nada. No dia seguinte não chegou de novo. Ou seja, ela mandou entregar o exemplar do dia, mas não resolveu o problema da entrega.
Num outro dia, acho que uma segunda-feira, quando voltaram a ligar, pedi para cancelarem a assinatura, pois aquilo só estava servindo para eles me ligarem diariamente e, na verdade, eu achei que tivesse assinado um jornal e não uma espécie de serviço de despertador.
Perguntei à moça se eles têm alguma briga interna entre quem vende assinatura e quem entrega, pois na minha visão seria muito mais fácil eles se falarem e entenderem se meu jornal foi entregue ou não e qual o motivo. Mais fácil do que me ligarem.
Por fim, dei uma sugestão: disse para evitarem esta prática de ligar para o cliente e checar se o jornal chegou. Afinal, todas as vezes que me ligaram, eu lembrava da incompetência deles e aquilo me irritava, coisa que não aconteceria se eles simplesmente me esquecessem.
A moça não tentou me demover da idéia de cancelar. Viu que eu já estava decidido e continuava irritado com o jornal. Me prometeu que seria cancelada e que nada seria cobrado de mim. Disse ainda que alguém entraria em contato dali a quatro dias para confirmação do cancelamento.
No dia seguinte chegou o primeiro jornal. Até hoje já foram entregues cinco. Ninguém me ligou para confirmar o cancelamento. Eu não liguei para "cancelar o cancelamento".
Acho que vou escrever para a "Dona Encrenca" (coluna de reclamações dos leitores do jornal A Gazeta) e contar a história.
Se bem que é melhor não arriscar - eles podem entender que estou reclamando do não cancelamento e eu fico sem jornal. Deixa quieto.

Antônio Carlos Maciel

Se você colocar o nome dele no Google, dificilmente vai achar a pessoa de quem quero falar. Ele não aparece muito facilmente nas buscas.
Assisti há pouco na ESPN Brasil um documentário sobre atletismo que incluía a história deste jovem atleta - confesso que não vi o programa inteiro. Parece que tem a segunda melhor marca do Brasil no arremesso de dardo. Mora num barraco construído de forma clandestina à beira de uma rodovia. Desde que nasceu, há 17 anos atrás.
Aliás, aqui cabe um parêntese: a Prefeitura de Sertãozinho paga (ou pagava, não sei) salário a este atleta, que tem como endereço um barraco, construído às margens de uma rodovia em condições absurdamente arriscadas. Depois, quando acontece Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e tantas outras catástrofes que já vimos, a culpa não é de ninguém.
Na história deste atleta, absurdos como ser analfabeto funcional e mesmo assim ter cursado até a quarta série e o fato de ter sido amamentado durante cerca de um mês por uma cachorra que havia perdido a cria. Você achou graça? Ficou chocado? Não precisa, pois, segundo ele, "vida de pobre é assim mesmo".
No mesmo programa, uma reportagem sobre a nossa melhor esgrimista, que recebe um salário de R$ 2.800,00 por ser a número um do Brasil em um esporte olímpico - aliás, um esporte considerado de elite.
Tudo isso num país que vai sediar as Olimpíadas em 2016!
Enquanto a gente chamar as histórias do Antônio Carlos e de milhares de outros atletas brasileiros de "história de superação", ou de "exemplo de um povo guerreiro", em vez de chamar de falta de estrutura, pouco caso e até, por que não, falta de vergonha na cara de políticos e das pessoas que comandam o esporte neste país, não vamos a lugar nenhum.
Joaquim Cruz deu uma entrevista dia desses que vale a pena ser lida. Medalhista olímpico (ouro e prata) e duas vezes campeão panamericano, o ex-corredor vive nos EUA desde muito novo. Teve condições de, na época, mudar-se para lá para treinar e hoje tem nos EUA, terra de grandes atletas e de vários medalhistas olímpicos, uma valorização como profissional que até hoje ainda não teve no Brasil.
Na entrevista exclusiva ao Estadão (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110125/not_imp670794,0.php) o ex-corredor fala de coisas que são óbvias, já foram ditas diversas vezes por diversas pessoas, mas parecem não ser ouvidas.
A gente ainda prefere a história do menino de favela que cresce graças ao futebol e vira ídolo. Ou, pior, os competidores de atletismo que, mesmo depois de alcançarem o topo no seu país, continuam vivendo em situação de total miséria.
E tendem a ter uma história como a do João do Pulo, que morreu na miséria aos 45 anos, depois de ser recordista mundial no salto triplo - marca que demorou dez anos para ser batida.
Mas a gente não lembra disso. A gente só vê o Jadel, a Fabiana, a Maureen, que também tem belas histórias, mas que hoje estão no topo. E então se emociona, bate no peito e, hipocritamente diz: "Eu sou brasileiro e não desisto nunca!"

sábado, janeiro 29, 2011

Will.i.am na Intel

Deu no New York Times!
Mentira, eu li noutro lugar, mas sempre quis usar esta frase.
O cantor, produtor e líder da banda Black Eyed Peas, Will.i.am, é o mais novo contratado da Intel - e não é como garoto propaganda. O músico vai ocupar o cargo de “Diretor de Inovação Criativa” na companhia. A Polaroid já havia contratado a Lady Gaga para uma função semelhante.
Sabe o que eu acho disso? Nem eu sei... Não sou contra e nem a favor. Como diria o amigo Juarez Gustavo, "muito antes pelo contrário".
Por um lado acho interessante que estas empresas queiram buscar em celebridades tão ligadas aos jovens no mundo todo, e que são seguidas por muitos deles, idéias de inovação. Para mim, faz todo sentido.
Por outro lado, fiquei pensando em milhares de garotos, norte-americanos principalmente (pois é onde estão as empresas), que acabaram de sair da faculdade paga com muito esforço e planejam iniciar uma pós-graduação, MBA, fazem cursos para aprender inovação, participam de milhares de palestras sobre criatividade, tudo isso para um dia ter um cargo de diretor numa grande empresa. Como a Polaroid, ou a Intel.
Será que eles estão amaldiçoando os pais que os fizeram largar aquela banda de garagem para se aplicar mais aos estudos?

Mas, contra ou a favor, achei ótimo o parágrafo inicial do texto do site GIZMODO (www.gizmodo.com.br) sobre este assunto:
"Primeiro a Polaroid contratou a Lady Gaga como Diretora Criativa, agora é a vez da Intel dizer que o will.i.am, do Black Eyed Peas, é seu novo “Diretor de Inovação Criativa”. Em algum lugar do Brasil, Joelma e Chimbinha estão olhando para seus telefones, no aguardo de uma ligação da Positivo."

WikiLeaks x Zuckerberg

Li uma frase esses dias, colocada no Twitter pelo Vitor Souza (sujeito inteligente, frases inteligentes) que foi atribuída ao Julian Assange, do Wikileaks e que eu achei genial:
“What is the difference between Mark Zuckerberg and me? I give private information on corporations to you for free, and I am a Villain. Zuckerberg gives your private information to corporations for money and he’s Man of the Year.”
Depois, olhando na internet, fiquei em dúvida se a frase é mesmo do Assange ou se foi do pessoal do Saturday Night Live, mas não deixou de ser genial por isso.
Sinceramente, acho o Zuckerberg um perfeito idiota. Não tenho nada contra o Facebook - muito pelo contrário - inclusive, faço parte da rede.
Mas daí a Personalidade do Ano, a Time só pode estar brincando. Mesmo porque, segundo informações, o Julian Assange foi o eleito pelo juri popular, mas a revista resolveu dar o título para o Zuckerberg (que não foi o segundo colocado, ficando atrás, por exemplo, da Lady Gaga, entre outros).
Assistir ao filme fez com que a minha má impressão do Zuckerberg piorasse bastante, mas não é só isso.
Como eu disse, gosto e até tenho meu perfil no Facebook - apesar de não saber usar aquilo direito - mas tenho algumas reservas em relação ao negócio Facebook. Já falei disso aqui antes. Não acredito no modelo de negócio. É um custo altíssimo, com executivos muito bem pagos, instalações absurdamente bem localizadas, modernas, com tudo o que se tem direito e alguma coisa a mais, tudo isso bancado por dinheiro virtual.
É isso mesmo, dinheiro virtual, pois faturamento a empresa não tem.
Ah, a propaganda!
Bom, se você acabou de chegar no "cyberspace", saiba que essa fórmula já foi tentada MILHARES de vezes. Muito dinheiro já foi investido em sites que tinham sua promessa de receita baseada em venda de publicidade e, adivinha? Nenhum sobreviveu.
Surpresa? Para quem? Empresas de mídia tradicionais no mundo todo já sabiam que a publicidade já não estava mais segurando a onda. E se alguma coisa mudou de lá pra cá, foi pra pior.
A certa hora resolveram chamar aquilo de bolha da internet. Que bolha?
Bolhas são aqueles sujeitinhos engravatados dos bancos que davam dinheiro para outros sujeitinhos fantasiados de roqueiros de Seattle mas com cara de nerd sem sequer entender de onde viria a remuneração daquele capital.
Bolha é quem pensa ainda hoje que o Facebook é um grande negócio. Não é! É uma brincadeira muito interessante, que diverte todo mundo e que tem milhares de seguidores.
E se, por fim, você acha que o fato de ter milhares de seguidores é o que vai fazer dar dinheiro, até onde eu sei as pessoas que tinham seguidores morreram pobres.
Se bem que hoje em dia tem aqueles que mandam dinheiro para os EUA dentro da Bíblia, os que fundam uma rede de TV, assim como aqueles que, no passado, cobravam impostos, mandavam nos governos e mandavam queimar quem fosse contra as suas crenças, etc.
Será que daqui a pouco o Facebook vai por esse caminho? Quem sabe?

E por falar em modelos de negócios, digamos, duvidosos, eu ficaria de olho nos sites de compras coletivas. Sei não...

Polícia, jornal e a filha do Magno Malta

Ah, essa é boa!
Você já foi assaltado(a)? Quem te assaltou foi preso? Saiu no jornal?
Eu já sofri dois sequestros-relâmpago e há pouco tempo fui assaltado por uma dupla que me seguiu a partir da saída do banco. Mas até hoje nenhum dos casos teve solução. Nunca me disseram que alguém foi preso por isso. E nem repercussão, claro. Alguns de vocês que me conhecem e lêem o blog certamente nem sabiam disso.
Pois bem.
Dia desses a filha do Senador Magno Malta foi assaltada.
O bandido foi preso no dia, a notícia foi capa do jornal A Gazeta e saiu até no noticiário da TV da mesma rede.
O excelentíssimo Senador não estava em Vitória, então não falou sobre o caso.
Aliás, isso despertou uma dúvida - onde será que ele estava, se em Brasília ele também não aparece?
Mas por falar em aparecer, não parece uma coincidência? Gente "famosa" + mídia = solução.
Sem puxa-saquismo, a matéria escrita pelo Sr. Roberto Junquilho na edição de janeiro do jornal Empresários (Faroeste Capixaba) está muito interessante e fala um pouco disso também. É impossível não se indignar ao ler. Fica a sugestão.

Software mal-intencionado

Li esses dias em algum lugar alguma coisa falando sobre um software mal-intencionado. Senti que precisava comentar algo a respeito mas, fiquei sem palavras.
Software mal-intencionado. Tá bom...

domingo, janeiro 23, 2011

O futebol não é uma caixinha de surpresas

As pessoas insistem em dizer que o futebol não tem lógica. O Vasco do PC Gusmão está usando as primeiras rodadas do Carioca 2011 para provar o contrário.
Jogou a primeira contra o Resende e quando estava satisfeito com o empate, levou um gol. Perdeu.
Jogou a segunda contra o Nova Iguaçu e se comportou como time pequeno. Aceitou a pressão do adversário e tomou dois gols de cara.
No final do primeiro tempo, numa jogada infantil, desnecessária, o lateral direito do Nova Iguaçu deixou seu time com um a menos.
Jogando com um a mais, claro que o Vasco foi para cima, certo? É óbvio que o PC tirou um jogador de marcação e colocou um atacante, afinal, estava jogando contra o Nova Iguaçu e isso por si só já seria motivo para avançar o time. Mas tinha mais motivos ainda, pois estava perdendo o jogo e tinha um jogador a mais.
Quando falo em time pequeno não é uma ofensa ao Nova Iguaçu ou a nenhum outro. É que, para se ter uma idéia, tem jogador na reserva do Vasco ganhando mais do que toda a folha salarial do time de Nova Iguaçu.
Mas o treinador vascaíno preferiu esperar o intervalo para mexer e tirou um jogador de marcação do meio-campo (Allan) para colocar... Outro jogador de meio-campo.
Resumindo a história, o time melhorou, até porque seria impossível piorar, e prova disso é que o goleiro do Nova Iguaçu foi o destaque do jogo. Mas não foi suficiente. Empatou o jogo, mas tomou um gol no final do segundo tempo e terminou perdendo - exatamente como contra o Resende.
Assim como na primeira rodada, o Vasco jogou como time pequeno, covardemente, achando o empate um bom resultado. E deu a lógica - perdeu os dois jogos.
O regulamento do futebol mudou, com a vitória valendo 3 pontos em vez de dois justamente para incentivar os times a buscarem a vitória, mas ninguém avisou isso ao PC.
Espero que o time consiga melhorar até a Taça Rio, porque da Guanabara a gente já está fora.

Imprensa esportiva.

A imprensa tem coisas interessantes.
A imprensa esportiva, interessantíssimas.
No jogo do Fluminense contra o Bangu o goleiro tricolor Ricardo Berna fez uma defesa tão esquisita que eu tenho dificuldade de explicar. Ele bateu roupa no chute de fora da área e na hora que foi buscar a bola, se enrolou de tal forma que acabou jogando-a para trás. Se o centroavante do Bangu não estivesse dormindo, receberia a bola na frente do gol e sozinho, vinda do goleiro.
Narrador e comentarista exaltaram a grande defesa em dois tempos do herói tricolor.
Minutos depois, o goleiro do Bangu defendeu um chute de fora da área mas soltou e o zagueiro tirou o perigo.
O goleiro do Bangu "bateu roupa".

Em tempo, aproveitando que o jogo não é do meu time: entra ano, sai ano e a arbitragem continua a lesma lerda. Expulsão para compensar, pênaltis não marcados, jogadores esbravejando sem punição.
Mais um ano...