domingo, outubro 10, 2010

É fácil ser oposição.

Eu não tenho nada contra a pessoa do Zico. Nem posso, não o conheço. Sou vascaíno, então não gosto do jogador Zico. Como brasileiro amante de futebol, minhas restrições em relação ao jogador são baseadas em estatísticas e fatos – e contra fatos não há argumentos.

Se como vascaíno tenho restrições ao jogador, imagine ao clube que ele representa.

O meu time tem um histórico recente complicado no que diz respeito a dirigentes, o que, diga-se, não é um privilégio do Vasco.

Mas o Roberto Dinamite e o Fernandão insistiram como oposição – mais o Fernandão do que o próprio Dinamite – e chegaram ao poder.

Vocês se lembram do Fernandão? Ele, que fundou o movimento de oposição que tirou o Eurico do poder, faz parte da geração de prata do vôlei brasileiro, junto com Bernard, Willian, Montanaro, Renan, Xandó, Badalhoca e Bernardinho, entre outros. Entreguei a idade, né? Pois eu me lembro de acompanhar pela TV jnuto com meu avô os jogos muito emocionantes entre a Pirelli (de Willian e Montanaro) e o Atlântico/Boavista (de Bernard e Bernardinho). Eu vi nascer os saques “jornada nas estrelas”, que só o Bernard acertava, e o hoje tão comum “viagem ao fundo do mar” – essa história de jogar a bola para cima e sacar saltando era só para alguns naquela época.

Mas eu estava falando de clubes do futebol brasileiro, certo? Outro dia mesmo critiquei o nosso futebol aqui no blog, comparando com o futebol americano.

E falando nisso, ontem teve pênalti a favor do Santos, o Neymar estava em campo e quem bateu foi o Zé Eduardo – por que mesmo tiraram o Dorival?

Voltando ao foco...

Roberto Dinamite estava na presidência do Vasco no pior momento da sua história, com os culpados por aquela situação acusando-o de tudo o tempo todo. Não foi fácil e continua não sendo.

O Zico tentou ser dirigente do time onde ele é ídolo. Ao contrário de Fernandão e Dinamite, que lutaram como oposição durante anos, sempre foi incentivado a isso – por toda a torcida e mesmo pelos dirigentes da situação.

Desistiu poucos meses depois. Não resistiu à pressão política dentro de um clube onde o presidente do Conselho Fiscal é um ex-chefe de torcida – uma das mais violentas do futebol carioca. Isso não é democracia, é desorganização, troca de interesses e amadorismo ao extremo.

Não quero simplesmente criticar o Zico, mas acho que ele poderia ter sido mais persistente. Se houvesse de fato altruísmo e amor pelo clube nas suas ações, haveria persistência.

Para não ficar falando do Dinamite e do Vasco e ser acusado de parcialidade, o Careca também tentou ser dirigente e desistiu – SEIS anos depois. Um pouco mas do que o Galinho.

Ser oposição é muito mais fácil do que ser situação no futebol brasileiro. Aliás, em quase tudo.

domingo, outubro 03, 2010

Who is watching the watchmen?

Vi no twitter, por Marcelo Tas, que a Folha de São Paulo entrou na justiça para tirar do ar “um site de humor destinado à crítica da cobertura jornalística, o ‘Falha de S. Paulo’”, nas palavras de Lino e Mario Ito Bocchini (responsáveis pelo site) no endereço http://www.falhadespaulo.com.br/, onde divulgam a mesma notícia.

A quem tiver interesse no assunto peço que visite o site e leia o que os dois falam em defesa própria, pois o texto é interessante e se basta.

Não tenho muito o que acrescentar. Confesso que fico estarrecido com a quantidade de besteiras, porcarias e até de informações perigosamente erradas que a liberdade de expressão gera. Mas por mais reacionário que eu seja – não sei se sou, mas meu irmão costuma me acusar disso às vezes – não consigo defender nenhum tipo de censura. Não consigo montar qualquer argumentação convincente para defender a censura.

Hay censura, soy contra.

Acontece que, por mais que a gente saiba que alguns conteúdos fazem muito mal por serem divulgados, a censura seria muito pior. Por uma razão simples: quem tem o critério correto? Quem sabe o que é positivo ou não? O que pode ou não? O que deve ou não ser dito, mostrado, divulgado?

Como neste caso da Folha, por exemplo. Como um dos veículos que vem acusando o governo de fazer censura reage a críticas? Com censura! Não faz sentido. Nos dá a certeza que imparcialidade é utopia.

E se é assim, apelo para o subtítulo da mini-série em quadrinhos escrita por Alan Moore: afinal, quem vigia os vigilantes?